O homem possui uma tendência inata de separação, talvez pela sua ânsia de conhecer, procurando os esclarecimentos através de uma análise que deve ser feita parceladamente em virtude da sua capacidade limitada de percepção que não pode abranger o Todo de um só golpe, dada a sua situação limitada pelas contingências da matéria.
Por essa razão, classifica todas as coisas, materiais ou imateriais, catalogando-as em diferentes planos.
Assim agindo, até mesmo os próprios sentimentos são submetidos a esse processo e o AMOR UNO, o grande AMOR UNO que é a essência da Divindade, que é Deus, porque é a vibração primeira da Sua manifestação, não escapa a essa tendência que o pretende sub-dividir em amores vários, segundo o ser que o manifesta.
Surge, assim, o amor de Deus, o amor do Mestre pelos seus Discípulos e o destes por Aquele; o amor do Pai e da Mãe; dos Filhos; dos Irmãos; das Almas Gemeas, dos animais entre si, das plantas; dos minerais; dos seres imateriais: e assim, subseqüentemente, pelos diferentes reinos da Criação.
Cada indivíduo possui em si a possibilidade de todos esses amores, e em realidade guarda em seu coração esse AMOR UNO, aparentemente diversificado.
Um dia no tempo, após haver fruído todos esses diferentes amores, ele os sente reunidos, amalgamados, e encontra nesta fusão a consciência esclarecida da UNIDADE INDISSOLÚVEL DO AMOR.
Do conhecimento dessa UNIDADE INIDISSOLÜVEL DO AMOR surge a certeza do AMOR consciente que é UNO, porque é manifestação sensível de Deus através de Si mesmo na criatura.
É uma grande força esse amor consciente e deverá ser orientada e distribuída com cuidado para benefício e felicidade de toda a Criação.
Aquele que ama desordenadamente causa mais danos que venturas em nome do amor. Ele não tem consciência da sua força e da força de atuação do seu amor. Por essa ignorância sofre e é purificado e redimido pela grande dor que aos poucos levantará o véu da sua inconsciência. Este é o resultado positivo da aplicação negativa do amor.
Aquele que ama conscientemente é semelhante a um acumulador auto-recuperador. Ao distribuir essa benção se reabastece automaticamente sendo, mais e mais, capaz de dar, numa proporção sempre mais crescente.
O amor é UNO apesar das suas variadas manifestações.
Há o amor de Deus, do Pai, da Mãe, do Filho, do Amante, do Esposo, do Irmão, do Amigo, do Inimigo, do Animal, da Flor, do Fruto, do semelhante, enfim, um sem número de manifestações, de aspectos desse AMOR UNO, que é o próprio Deus em cada criatura, buscando aquele Deus, que é Ele mesmo, no seu semelhante, seja a que reino ou categoria pertença.
Esse AMOR UNO, quando atinge o seu grau de intensidade pura e quando se dirige ao Mestre, é a profundeza imensa do ser que se abandona a essa sensação inefável de grandiosidade da manifestação do próprio Deus. Se no mesmo instante for mudado o ponto de aplicação desse AMOR UNO passando-o, por exemplo, para aquele ou aquela que o coração escolheu, ainda é o mesmo AMOR UNO que continua vibrando em toda a sua grandiosidade na manifestação ainda do próprio Deus. Esse AMOR UNO que mudou o seu ponto de aplicação e que se manifesta com toda a mesma intensidade; é, para aquele que o recebe, sempre proporcional à sua capacidade de reconhecê-lo.
Quando aquele a quem enviamos o nosso amor conhece e sente a forma dessa dádiva, vibra, então, conosco, e a harmonia se estabelece entre os dois; e isso segundo o ponto de aplicação particular que intensifica aquele sentimento e que poderá ser tanto o amor do Mestre para o Discípulo; o do Amante para a sua Amada; o do Pai para o Filho; o do Irmão para sua Irmã; do Homem para a Natureza, enfim, em toda aquela gama infinita de sentimentos que se revela e vive no Cosmos Infinito; em tudo que se manifesta onde o frêmito da Divina Onipotência deslumbra com a sua Presença.
Se, às vezes, o filho ou o irmão ou o amante não retribui o amor que desperta é porque não lhe foi possível ainda alcançar e perceber o amor que lhe dedicam e porque vê sempre tudo através do prisma da sua evolução presente. Ele não é pior por isso, mas é preciso aguardar o instante em que a poeira que cobre e empana a sua visão comece a esvanecer-se à medida que o caminho vai sendo percorrido.
E é por isso que a Mãe ou o Mestre amam ainda mais aquele filho ou discípulo transviado.
Sabemos e vivemos a verdade de que o AMOR é sempre UNO.
A Mãe não ama ao seu Filho mais do que este a ela, se ele puder CONHECER o seu AMOR; nem o Mestre ama ao seu Discípulo mais se este puder sentir a profundeza daquela gama puríssima e superior do AMOR UNO manifestado na vibração divina do Seu Espírito Engrandecido. A retribuição do amor do Discípulo ao Mestre será ainda na proporção da sua capacidade de compreender e intuir a grandiosidade do AMOR UNO que flameja no Seu Amor.
É imenso o esforço para traduzir em palavras o que o AMOR UNO, pela mão do Divino Mestre, fez brotar e desenvolver no meu Amor.
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